6 de dez. de 2010

Os Escritos Técnicos de Freud - 04/12/10

ESTUDO DE CASO - ROBERTO

Em comparação ao CASO DICK, perbemos a grande diferença entre um caso de Autismo e um caso de Psicose. 

Considerações Iniciais

- Tudo gira em torno na expressão "o lobo!";
- Simbólico não é a linguagem, tem a ver com a palavra;
- Toda obra de Lacan gira em torno na função da palavra;
- Para ler Lacan é preciso manter certa distância, pois o homem só enxerga as coisas tomando tal distância das mesmas;
- Importante ressaltar que toda obra de Lacan visa repensar os textos fundamentais de toda obra psicanalítica;
- Freud chama a transferência de amor, mas é um amor às avessas;
- Você paga para ser amado, mas não pode ser amado;
- O neurótico puxa a realidade para a fantasia, o que não é possível para o psicótico;
- Lacan dá a palavra à Rosine Lefort, sua aluna, quem relata o caso de Roberto;

O Relato

- Roberto nasceu em 04/03/48
- Viveu até os três anos em mais de 25 diferentes lugares;
- Roberto viveu em hospitais, nunca foi adotado, nem conviveu em família;
- O pai é desconhecida e a mãe foi internada com diagnóstico de paranóica;
- Mãe ficou com ele até os 5 meses;
- Essa criança foi submetida à toda forma de violência e negligência;
- A mãe lhe faltou com alguns cuidados, à ponto de deixá-lo passar fome;
- Foi hospitalizado aos 5 meses, saiu aos 9 meses, devolvido quase à força para a mãe. Voltou para o hospital 2 meses depois, com desnutrição, quando foi abandonado em definitivo pela mãe;
- Isso é algo que acontece frequentemente com nossas crianças;
- Quando tinha 3,5 anos foi proposta uma internação pós estágio parapsicótico;
- Apresentava gritos frequentes, risos gulturais, só sabia dizer duas palavras "dona" e "lobo" (repetia a última o dia inteiro);

- O uso e esvaziamento do pinico chamavam muito a atenção. Não podia suportar as portas abertas, o grito das outras crianças, as mudanças de quarto;
- Comportamento violento e incapacidade de agredir;
- Lefort diz que não sabiam ao certo em qual categoria colocá-lo, mas tentavam um tratamento;
- Na fase preliminar (primeiro ano) ele repetia o comportamento de toda a vida (gritos, medo da mamadeira de leite, como se houvesse uma fobia, às vezes se aproximava a soprando, e medo da bácia d'água);
- Disse "mamãe" em face ao vazio (a mãe ausente);
- Numa noite, com uma tesoura de plástico, tentou cortar seu membro genital na frente das outra crianças. Vê-se aqui que ele está submetido a um princípio de destruição;
- Para saber o que quer dizer "o lobo!", é preciso relembrarmos sua história;

- Mudança de lugar, de quarto (uma destruição) -> portas abertas;
- Digestão e excreção -> mamadeira e pinico;
- Grande dificuldade em se livrar do cocô -> cena do pinico;
- Engolindo a destruição -> cena da mamadeira;

- O cocô é uma representação dele, ele não pode perdê-lo. 
- O problema primordial em Roberto é que NÃO há uma SEPARAÇÃO entre CONTINENTE e CONTEÚDO;
- Essa criança, como Dick, tinha muita dificuldade de passar da auto-destruição (violência) para a agressividade (agressão);
- Não consegue tomar posse do próprio cocô, pois não tomou posse da mãe. Não se diferenciou o continente (mãe) do conteúdo (ele);
- Todo tratamento visa passar de um estágio de violência para um estágio de agressão;
- O essencial é dar a entender que não se quer nada da criança, é preciso deixá-la livre para fazer o que quiser com os objetos;
- Essa criança tentava se diferenciar de seus conteúdos;

CONTINUA... (Próxima Aula)

Nenhum comentário:

Postar um comentário