Colocamos aqui nossa indignaçao frente aos últimos fatos ocorridos na Faculdade de Medicina.
Inicialmente, é preciso deixar claro que historicamente buscamos trabalhar o ensino na cadeira de clínica psiquiatrica de forma a facilitar o enlace entre teoria e prática, onde os alunos atendem e acompanham individualmente os pacientes e realizam supervisão e orientação com professor responsável pela turma. Deste modo, buscamos propiciar qualidade ao ensino e à vivência da clínica psiquiátrica, bem como o atendimento responsável e de qualidade aos pacientes envolvidos no processo de aprendizagem dos acadêmicos.
Fazemos isso baseados no principio da Singularidade, desenvolvido muito bem no Seminário I de Lacan – Os Escritos Técnicos de Freud – (1983. p.21), segundo o qual se deve apreender cada caso em sua singularidade, onde a reconstituição completa da história do sujeito é o elemento central, constitutivo, estrutural do processo analítico. Neste sentido, defendemos que a essência da clínica psiquiátrica está no que há de singular, de único, marcado pelas significações e pelos sentidos atribuídos por cada sujeito a cada vivência particular sua.
Como é possível, portanto, fazer um acompanhamento único, individual e singular de cada relato de caso de cada aluno se nos é imposto que seja ministrada aula prática com atendimento de pacientes para 16 alunos em 2 horas de aula? Como se pode primar pela qualidade do ensino em uma Universidade Federal quando os próprios mestres estão muito mais preocupados com a quantidade cumprida no semestre?
O que se vivencia no cotidiano universitário são tentativas de resolver com emendas mal feitas os erros que há muito foram deixados de lado, são medidas emergenciais que não resolvem o problema em si, mas apenas impedem que um sintoma se manifeste.
Neste momento acreditamos que é hora de refletir: Que perfil de profissionais é este proposto pela universidade? Qual a qualidade que estamos propiciando aos nossos alunos? Será a qualidade percebida apenas nos altos coeficientes “obtidos”?
É hora de refletirmos estas questões e fazermos nossas proposições de melhorias, e, principalmente, LUTARMOS pelas melhorias que pensamos ser necessárias e primordiais para a formação de profissionais éticos, responsáveis, críticos e conscientes da importância de seu papel social.
Para isto, pedimos o apoio daqueles que lerem esta postagem e concordarem com nossas indignações e questionamentos, tendo em vista que estamos encetando uma batalha contra o autoritarismo, a ignorância administrativa e a desconsideração pela história profissional e atuação em extensão de professores que estão de fato preocupados com a banalidade que está tomando conta do contexto médico e universitário.
Assim, aqueles que quiserem deixem suas assinaturas em forma de comentário neste post que se baseia numa postura ética.
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